Editorial

Concorrência

Na edição de segunda-feira o DP traz uma reportagem com análise sobre como o Porto de Arroio do Sal pode impactar Rio Grande. A mera existência de uma concorrência interna, dentro do próprio Rio Grande do Sul, já é motivo de preocupação, afinal, se hoje, reinando sozinho, o porto marítimo da Zona Sul já perde cargas para outros terminais - principalmente Itajaí, em Santa Catarina, imagina com outra opção, mais ao norte do Estado, possibilitando, por exemplo, o escoamento de soja de outras regiões sem ser por aqui?

Embora a existência dessa concorrência não vai, de maneira alguma, decretar a morte do Porto de Rio Grande, não há como imaginar este cenário sem um enfraquecimento natural. Em um momento em que nos últimos anos são semestrais as notícias de novo crescimento, bem como constantes as informações sobre melhorias nos terminais, certamente haveria um pouco de retração. Embora a qualidade do terminal riograndino seja gritante, o contexto ao redor obviamente atrapalha.

E, mais uma vez, como quase tudo o que tange desenvolvimento da Zona Sul, passa pelo custo do pedágio. Pela distância de outras regiões, o custo de deslocamento, por exemplo, não seria tão gritante. Pegamos Palmeira das Missões, uma das maiores produtoras de soja do Estado. Está a 515 quilômetros de Rio Grande e 525 quilômetros de Arroio do Sal. No entanto, ao vir para a metade sul, cruza-se com o pedágio mais caro do País. E, dessa maneira, os custos devem pesar na hora do empresário tomar a decisão de onde irá escoar seus grãos.

Uma das questões levantadas na matéria também é o custo de investimento público para bancar o terminal privado. Não valeria a pena fomentar, cada vez mais, o Porto já existente no Estado? Hoje, a unidade é a maior esperança de toda uma região. As lideranças da Zona Sul precisam, mais uma vez, peregrinar Dessa vez por incentivos ao fortalecimento do Porto riograndino, o que passa naturalmente pela revisão das tarifas de pedágio, pela conclusão da BR-116 e por apoio fiscal. Nada diferente do que vem sendo feito por deputados, prefeitos, vereadores, Azonasul, imprensa, enfim.

A Zona Sul é cheia de potenciais, mas o nosso desenvolvimento passa por uma necessidade de pressão política e social constante para que não sejamos, novamente, esquecidos. E certamente não seremos, nem que seja um trabalho de Sísifo, eterno e diário.


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